sábado, 19 de agosto de 2017

O Fantasma: silencioso e mortal. Conheçam o AC-47T da Força Aérea Colombiana que ajudou na luta contra a FARC

A tripulação do avião Fantasma designada para o Comando de Combate Aéreo N.º 1, em Puerto Salgar, na Colômbia. (Foto: Geraldine Cook/Diálogo).
Por: Geraldine Cook

Silencioso e mortal. Assim sua tripulação o descreve. À primeira vista, o avião AC-47T da Força Aérea da Colômbia (FAC), conhecido como o “Fantasma”, não é surpreendente. No entanto, suas capacidades de voo e combate fizeram os grupos terroristas tremerem na época do conflito interno armado na Colômbia. Assim que os terroristas ouviam-no chegar, retrocediam”, disse o Capitão da FAC Alejandro Henao, piloto do Fantasma. O pseudônimo Fantasma foi criado pela tripulação porque o avião é indetectável nas alturas, costuma realizar missões noturnas e o som que emite durante o voo é como o do zumbido de um mosquito.

Os terroristas interrompiam qualquer hostilidade e retrocediam, quando sentiam a presença do Fantasma, porque conheciam sua eficácia em apoio próximo e ataque à revolta”, disse o Cap Henao. O Fantasma auxiliava as comunidades atacadas pela guerrilha, que ouviam e sentiam o contra-ataque do avião sem conseguir vê-lo. “Quando estávamos na pior crise do terrorismo aqui na Colômbia, o avião oferecia essa segurança e esperança às comunidades mais afastadas na área rural”, acrescentou. O Fantasma é um avião de combate para ataque estratégico, interdição, apoio aéreo próximo, reconhecimento e inteligência aérea, vigilância, busca e resgate. Também serve como um controlador aéreo avançado. 


Entre suas missões estão as de apoiar as tropas em terra, com monitoramento e reconhecimento da área, iluminar com bastões para que as tropas se movimentem, tirar fotos e escoltar outras aeronaves. Os terroristas temiam os cavaleiros da noite, como a tripulação costuma chamar o Fantasma, quando a aeronave os cercava, pois não a sentiam chegar, só sentiam as rajadas das metralhadoras vindas do céu. Aí nasceu o lema do Fantasma: “uma boa razão para sentir medo”.

Simulador com tecnologia nacional

O Fantasma tem seu próprio simulador de treinamento. Com a réplica exata de sua cabine de voo, o simulador é uma invenção tecnológica única no mundo. O simulador foi inaugurado em janeiro de 2017 como uma nova ferramenta para a formação de pilotos e instrutores na Escola de Formação de Pilotos AC-47T, localizada no Comando de Combate Aéreo N.º 1 da FAC, localizado em Puerto Salgar, na região de Cindinamarca, na Colômbia. O projeto do simulador foi assessorado pela FAC e construído por uma empresa privada colombiana.


O simulador fortalece o treinamento para as tripulações”, disse o Major da FAC Germán Andrés Arias, comandante da Escola de Formação de Pilotos AC-47T. “Podemos ter um treinamento melhor em cabine, voar com visores à noite, cobrir qualquer tipo de emergência e realizar um treinamento mais rigoroso em geral para estar muito bem preparados”, disse o Maj Arias. O simulador também fortalece a instrução dos pilotos do avião DC-3 das Forças Militares da Colômbia.
Os alunos podem treinar no simulador em qualquer momento e revisar os procedimentos da aeronave, tanto em terra quanto no ar. A escola, acrescentou o Maj Arias, espera poder oferecer a possibilidade de treinamento do simulador às forças militares de outros países. Há dez anos, o simulador para o Fantasma não existia. Hoje, o simulador é uma ferramenta vital”, disse o Cap Henao, ao lembrar de sua época de estudante para ser piloto do AC-47T. “Antes, tínhamos que aprender rapidamente, com o dia a dia das missões. Tínhamos que aprender e corrigir”, disse.
Capacidades de combate

A FAC adquiriu mais de 60 aviões C-47 na década de 1930. Nessa época, havia aeronaves de transporte de passageiros e carga. Engenheiros da FAC iniciaram processos de modernização e incluíram algumas particularidades na versão AC-47T. Em 1993, a FAC reformou oito aviões, transformando-os em aeronaves de combate contra os grupos terroristas e as organizações criminosas. Acrescentar novos motores turbo hélice e sistemas elétricos, reforçar estruturalmente, suspender o som emitido durante o voo e adaptar o armamento foram algumas das modificações realizadas. Em 1997, acrescentou-se o sistema com lentes de visão noturna. Atualmente, a FAC possui seis aviões Fantasma.
Com uma tripulação de sete pessoas a bordo e capacidade de voo de mais de 7.000 pés de altura, o Fantasma pode voar por 10 horas. Além de suas três metralhadoras GAU-19 calibre .50, ele conta com um sistema de câmera com lente infravermelha FLIR (Forward Looking InfraRed), bastões de iluminação noturna e um equipamento para desvio de mísseis. “Não somos detectados porque os motores são muito silenciosos”, disse o Maj Arias. “O FLIR nos oferece mais capacidade para tirar fotos, temos mais precisão com o armamento e o piloto é o único que pode fazer as entregas de armamento [dispararem]”, acrescentou.

É um avião com múltiplos propósitos, utilizado para várias missões diferentes na FAC”, disse o 1º Tenente da FAC Carlos Enrique Londoño, copiloto do Fantasma. “Temos operações de apoio aéreo próximo com metralhadoras, o sistema FLIR grava todas as missões, cuidamos das comunidades vulneráveis e fazemos lançamento de bastões.” Uma das missões que enche o 1º Ten Londoño de orgulho é a realizada contra a mineração ilegal. “Estamos realizando missões contra a mineração ilegal, que destruiu muitas comunidades... isso tem sido muito gratificante.”
A 1º Tenente da FAC Ana Cruz, que tem a função de navegante do Fantasma, também está orgulhosa por fazer parte da tripulação de um dos aviões mais simbólicos da FAC na luta contra o terrorismo. “Apoio a navegação aérea, controlo as comunicações com várias equipes a bordo e realizo as funções de equipamentos especiais como o FLIR”, disse a 1º Ten Cruz, que acredita que seu trabalho é “fascinante todos os dias” pela variedade de operações realizadas. “Sinto-me muito orgulhosa do que faço. Todos nós da tripulação somos como uma família.”
O Capitão da FAC Alejandro Henao, piloto do Fantasma, e o 1º Tenente da FAC Carlos Enrique Londoño, copiloto do Fantasma, estão prontos para iniciar uma nova missão. (Foto: Geraldine Cook/Diálogo).

Por sua vez, o Segundo Sargento da FAC Óscar Andrés Peña, chefe armeiro do Fantasma, disse que sua tarefa fundamental é a de “ter o armamento pronto”. O 2º Sargento Peña foi armeiro do Fantasma durante 12 anos, participando de vários tipos de missões, especialmente as de combate à guerrilha. “Essas aeronaves foram muito úteis por sua configuração e pela forma como agem na área de combate”, disse. Uma nova missão chamou a tripulação do Fantasma a bordo. “É um avião que tem muitas décadas operando na FAC e ainda é muito eficaz”, disse o Maj Arias. Com o fim do conflito armado na Colômbia, o Fantasma também fará trabalhos humanitários, atendimento a desastres e missões de carga. “Somos muito versáteis”, concluiu o Maj Arias.
FONTE: Diálogo Américas

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